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14 Abr 2020
BATE-PAPO

Professora de Psicologia dá dicas para manter a saúde mental durante a quarentena

Além de oferecer orientações para o enfrentamento emocional, Carol Hampariam fala sobre mudanças na rotina, ansiedade e pressão por produtividade

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ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO

A pandemia do novo coronavírus tem provocado uma grande reviravolta na vida de muitas pessoas. Os riscos de contaminação da doença e a obrigatoriedade do isolamento social estão causando ansiedade, estresse e esgotamento emocional em grande parte da população, podendo agravar ou gerar problemas mentais segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Recentemente, a OMS divulgou um guia com cuidados para a saúde mental durante a pandemia, direcionado a diferentes grupos, como profissionais de saúde, idosos e população em geral que está ou não em quarentena.

Diante dessas e outras recomendações, a psicóloga e docente do curso de Psicologia da UNIFEV Profa. Ma. Carol Godoi Hampariam lembrou que não existe uma receita única e ideal, pois é importante que cada pessoa encontre a sua maneira de lidar melhor com o período de reclusão.

"Para alguns, estabelecer uma rotina com metas e afazeres pode ter muita funcionalidade, mas, para outros, essa mesma rotina pode provocar ansiedade ou desânimo caso não saia como planejado. Ou seja, cada um precisa identificar as atividades de maior interesse, capazes de proporcionar bem-estar, sempre observando a sua própria vontade, sem que haja comparação com a rotina compartilhada pelos familiares e amigos nas redes sociais", afirmou.

Quanto à mudança na rotina, a profissional pontuou que existem aspectos negativos e positivos. Dentre os impactos negativos de cunho social, destacam-se o desemprego, a insegurança financeira, possíveis episódios de violência e eventual insuficiência da estrutura do Sistema Único de Saúde (SUS) para atender à grande demanda de pacientes.

No que se refere aos impactos negativos de natureza emocional, a mudança de rotina e o isolamento social podem acarretar sentimentos de solidão, ansiedade, preocupação, desânimo, desesperança e medo. "Devemos lembrar que ocupar-se excessivamente com os noticiários sobre a pandemia pode potencializar esses sentimentos. É importante acompanhar as orientações e informações transmitidas pela mídia e pelos órgãos competentes, mas é necessário ter cautela para não ser influenciado pelas fake news ou se tornar obsessivo com o assunto", completou.

Confira, na íntegra, a continuação da entrevista:

1 - Este é um momento atípico mundialmente e que tem mostrado a importância dos cuidados com a saúde mental. Enquanto profissional, quais comportamentos você tem observado?

R: Um dos pontos que mais tem me chamado a atenção é como cada pessoa tem lidado com a situação. Com outras palavras: como cada um tem lidado com a própria impotência. Impotência diante do que fazer ou não fazer, do não saber ou do pouquíssimo que se sabe e, em especial, impotência diante da falta de controle.

Neste sentido, algumas pessoas tentam continuar controlando - ilusoriamente - a vida; outras estão angustiadas e temerosas por terem mergulhado no mar de impotência e, outras, talvez a maneira mais saudável, estão encontrando saídas diversas e até criativas para enfrentarem a falta de controle.

Além do combate ao vírus, esse tempo de pandemia tem instalado o combate à ilusão de onipotência. Apesar do desafio, é possível lidarmos com a falta, seja a falta de controle, de saber, de respostas, e continuarmos vivendo simplesmente como seres humanos.
Esse é um momento que tem evidenciado o quanto é importante cuidar da saúde mental, pois as pessoas que vão enfrentar - ou estão enfrentando - esse momento com menos prejuízo, são aquelas que estiverem estabilizadas emocionalmente.

2 - Como já mencionamos, essa mudança na rotina trouxe consequências significativas para grande parte da população. Comente mais um pouco sobre isso.

R: Como estávamos acostumados a viver em um ritmo extremamente acelerado, as mudanças de rotina e isolamento social impuseram uma necessidade de desaceleração para grande parte das pessoas (pois aqui não vou incluir os profissionais que estão trabalhando na linha de frente da pandemia). Num primeiro momento, essa desaceleração causa estranhamento e desconforto, mas, por outro lado, possibilita que as pessoas dediquem mais tempo para a realização de certas atividades e para o cultivo de relacionamentos interpessoais.

Além disso, as mudanças de rotina e isolamento têm exigido que as pessoas encontrem outras maneiras para se exercitarem, trabalharem, estudarem, enfim... Percebe-se que a criatividade, tão característica em momentos de necessidade e vazio, tem se atrelado ao uso de várias ferramentas e mecanismos para encontrar boas saídas para alguns impasses desse período.

3 - Para as pessoas que sofrem algum tipo de transtorno mental, especialmente nesta quarentena, como é possível identificar uma crise (de ansiedade, por exemplo) e quais tipos de atendimento especializado procurar, sem precisar sair de casa?

R: Caso o quadro de pânico ou de ansiedade esteja instalado, recomendo que a pessoa procure um profissional especializado da área da Psiquiatria ou Psicologia, que possa auxiliá-lo nesse momento. Muitos profissionais dessas áreas estão atendendo de forma virtual, sem deixar a qualidade de lado.

Nos casos em que a pessoa não admite seu quadro de pânico ou ansiedade e resiste em se cuidar, é importante o papel exercido pela família ou por pessoas próximas, adotando atitudes de intervenção que contribuam para o bom encaminhamento da situação junto aos profissionais especializados.

Independentemente da presença ou não de sintomas ou quadros psíquicos, saiba que não é necessário enfrentar a situação sozinho ou ignorar um sentimento que está incomodando, tirando o sono, ou seja, interferindo no cotidiano. Nesse caso, procure ajuda ou algum apoio para que não desencadeie ou intensifique um mal-estar.



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