Bate-papo com a pesquisadora da Instituição, Profa. Dra. Renata Pires de Assis destaca os desafios da ciência e o papel da iniciação científica no ensino superior
Na rotina da Profa. Dra. Renata Pires de Assis, pesquisa e ensino são práticas indissociáveis. Com experiência consolidada nas áreas de Biomedicina, Farmácia e Medicina, ela atua tanto em sala de aula quanto nos bastidores da investigação científica, como integrante da Comissão de Pesquisa e do Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos da Unifev.
Em mais de uma década de atuação na ciência, a professora já publicou mais de 25 trabalhos, participou de programas nacionais e internacionais de fomento à pesquisa e orientou diversos estudantes em projetos de iniciação científica e trabalhos de conclusão de curso.
Neste bate-papo, ela fala sobre os desafios de produzir ciência, a importância de manter o rigor metodológico mesmo diante das limitações e como a iniciação científica, quando bem conduzida, prepara o estudante para pensar com mais autonomia.
Esta conversa integra a iniciativa da Coordenação de Pesquisa da Unifev voltada ao incentivo do protagonismo estudantil no ambiente acadêmico.
Confira a entrevista na íntegra:
Pergunta: Como começou sua atuação na pesquisa científica, professora? E na docência?
Resposta: Desde a pós-graduação, há 15 anos. A pesquisa sempre foi um caminho natural, porque eu queria aprofundar o conhecimento e entender as coisas com base em dados concretos. Isso se manteve com o tempo, durante o mestrado, doutorado e pós-doutorado. Na docência são oito anos.
Pergunta: Qual linha de pesquisa você desenvolve atualmente?
Resposta: Trabalho com Análises Clínicas, com foco em Bioquímica. Também atuo em inquéritos epidemiológicos e estudos translacionais.
Pergunta: São muitas produções. Como esse histórico foi se construindo?
Resposta: São 27 artigos publicados, mais de 60 resumos apresentados em eventos, além de orientações de Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC), Iniciações Científicas (IC) e coorientações de mestrado. A participação ativa em editais e projetos também fez diferença.
Pergunta: O que despertou seu interesse pela pesquisa?
Resposta: Surgiu da minha afinidade pelo estudo e da busca por conhecimento cada vez mais aprofundado. Para mim, a pesquisa representa uma ferramenta essencial para transformar curiosidade em conhecimento, permitindo a validação crítica de hipóteses e a geração de dados que possam impactar positivamente a sociedade. Acredito que a pesquisa representa o caminho mais eficaz para transformar observações em conclusões aplicáveis, reduzindo incertezas e contribuindo para o desenvolvimento científico com responsabilidade.
Pergunta: Houve projetos com financiamento externo?
Resposta: Na especialização participei do Programa de Aprimoramento Profissional (PAP/Fundap). Segui com bolsas de estudos no mestrado e doutorado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), respectivamente. Ressaltando que, no Doutorado integrei o Programa de Doutorado-Sanduíche no Exterior (PDSE). Toda essa trajetória foi percorrida na Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Unesp/ Araraquara.
Durante esse período, colaborei com diversos projetos de Iniciação Científica (IC), mestrado e doutorado, entre outros. Mais recentemente, alguns projetos de IC que oriento também foram financiados com bolsas do CNPq e da própria Unifev.
Pergunta: O que a pesquisa mais lhe ensinou até agora, professora?
Resposta: Um dos principais desafios foi equilibrar o rigor científico com as limitações práticas do ambiente de pesquisa. A constante atualização diante do avanço do conhecimento exigiu resiliência e dedicação. Além disso, aprender a lidar com dados complexos e interpretá-los de forma crítica foi essencial para garantir a relevância das descobertas para a área e para a sociedade.
Pergunta: Existe algum projeto do qual você se orgulha particularmente?
Resposta: Cada projeto tem a sua importância. Cito aqui o projeto que desenvolvi durante o meu doutorado, intitulado “Efeito da curcumina e carotenoides no iogurte em biomarcadores fisio-metabólicos e de estresse oxidativo em modelos de diabetes mellitus tipo 1 e obesidade/resistência insulínica”.
Pergunta: Na sua visão, qual é a importância da iniciação científica na graduação?
Resposta: A iniciação científica na graduação é uma das ferramentas mais valiosas para o desenvolvimento acadêmico, técnico e pessoal do estudante, pois é capaz de despertar o pensamento crítico, autonomia intelectual e aproxima o aluno do ambiente de pesquisa. Com isso, o aluno entende que a ciência é construída de forma coletiva e progressiva.
Pergunta: Que conselho você daria a quem quer começar a pesquisar, mas não sabe por onde iniciar?
Resposta: Curiosidade é o primeiro passo. Depois, vale buscar professores da área de interesse, participar de eventos científicos e começar a ler artigos. A pesquisa exige dedicação, leitura e paciência!
Pergunta: Quais qualidades são fundamentais para o perfil de um bom pesquisador?
Resposta: Ética, curiosidade, pensamento crítico, resiliência, persistência, organização e trabalho em equipe. Tudo isso aliado ao compromisso com a qualidade científica.
Pergunta: De que forma a pesquisa contribui para a sala de aula?
Resposta: Traz atualizações constantes baseadas em evidências, além de estimular a curiosidade e o pensamento crítico dos estudantes, tornando as aulas mais dinâmicas e aprofundadas.
Pergunta: Quem é o(a) pesquisador(a) ou cientista que mais a inspira?
Resposta: Um pesquisador brasileiro muito importante, Oswaldo Cruz, pela contribuição científica e pelo impacto social no país.
Pergunta: Complete a frase: “Fazer pesquisa é...”
Resposta: Fazer pesquisa é transformar ciência e tecnologia em ferramentas que ampliam o acesso à saúde e melhoram a qualidade de vida.