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16 Jun 2023
ENSINO HÍBRIDO

O ensino híbrido vai se tornar o novo modelo educacional?

O modelo híbrido vem se consolidando em cursos de graduação presencial em razão de seus inúmeros benefícios.

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Dra. Nínive D. G. Pignatari

Diferentes públicos se adaptam a diferentes modalidades de aprendizagem, mas é inegável que hoje a tecnologia faz parte de qualquer projeto de ensino qualificado. Nesse sentido, o modelo híbrido vem se consolidando em cursos de graduação presencial em razão de seus inúmeros benefícios.

O modelo é conhecido por combinar momentos de educação presencial (aluno e professor presentes em uma sala de aula física) com o uso de recursos tecnológicos de aprendizagem como sala de aula virtual, videoaulas, quizzes, atividades programadas, fórum, chat, teleconferência etc. Mas o ensino híbrido não se refere apenas a uma combinação das modalidades presencial e a distância. Trata-se de uma abordagem na qual o estudante é colocado no centro do processo de aprendizagem. O professor tem o papel de incentivar, mediar e problematizar o processo, unindo o melhor do presencial e da educação a distância. Assim, conceituar a educação híbrida não é tão simples. Híbrido é um conceito rico que indica que tudo pode ser misturado, combinado de diferentes formas para a obtenção de diferentes projetos educacionais e resultados.  

O ensino híbrido tem sido aplicado com sucesso na educação básica em diversos países como Estados Unidos (HORN e STAKER, 2015). Exemplos de experiências exitosas no Brasil são descritas por Bacich, Tanzi Neto e Trevisani (2015), Moran (2015) e outros autores. Nas universidades brasileiras hoje muitas disciplinas já são ministradas no formato híbrido.

 

Ensino híbrido

Christensen, Horn e Staker (2013, p.7) descrevem alguns modelos e conceituam a abordagem do ensino híbrido como um programa no qual um estudante aprende, parcialmente, por meio do ensino on-line, com controle sobre o tempo, lugar, modo e/ou ritmo do estudo e, de outra parte, presencialmente em sala de aula ou o laboratório. Assim as modalidades de aprendizado são integradas.

Na mesma linha, Bacich, Tanzi Neto e Trevisani (2015, p. 1) entendem o ensino híbrido como “uma abordagem que busca a integração das tecnologias digitais aos conteúdos trabalhados em sala de aula, de forma que, mais do que enriquecer as aulas, seja possível oferecer diferentes experiências de aprendizagem aos estudantes”. A tecnologia potencializa o ensino, abrindo as portas para novas possibilidades de pesquisa, monitoramento, avaliação e aprendizagem. Permite, por exemplo, que o professor obtenha informações individualizadas sobre o desempenho dos estudantes possibilitando a personalização do ensino.

O ensino híbrido pressupõe três aspectos: ensino on-line apoiado pela web no qual o estudante regula seu processo de aprendizagem (estuda no seu tempo, quantas vezes quiser); aprendizagem supervisionada em local físico (por exemplo laboratório, sala de aula etc.); integração entre o presencial e o on-line de forma complementar.

 

Sala de aula invertida

Um dos modelos adotados para a o ensino híbrido bastante difundido e eficaz é a sala de aula invertida. Nessa modalidade, os tempos e espaços escolares se invertem e ganham novos significados. O aluno primeiro tem um contato com o conteúdo e aprende de modo autônomo (on-line, lendo textos, assistindo a vídeos, videoaulas, participando de discussões on-line etc.) e depois executa, aplica, experimenta o que aprendeu em situações problemáticas e desafiadoras (em sala de aula, laboratório etc.)

A exposição do conteúdo, antes realizada no ambiente escolar, passa a ser realizada em espaços fora da escola, mediados pela tecnologia digital. É comum estudantes assistirem à explicação do professor por meio das videoaulas nas quais é possível pausar, voltar, avançar, anotar etc.

O processo de ensino e aprendizagem é individualizado e o estudante pode controlar o ritmo, seja assistindo a palestras em vídeo, ouvindo podcasts, lendo e-books ou colaborando com seus pares em fóruns on-line.

Neste modelo, o tempo de aula é dedicado ao aprendizado mais ativo, alicerçado em projetos que permitem aos estudantes trabalharem juntos para resolver desafios locais ou globais – ou outras aplicações reais – a fim de terem uma compreensão mais aprofundada sobre o assunto. O tempo escolar é empregado para atividades em grupos ou individuais, destinado à resolução de atividades que se utilizam das metodologias ativas, nas quais o professor auxilia quando necessário.

Este modelo é vantajoso, pois individualiza a aprendizagem e considera cada estudante como um ser único. Também permite ao professor avaliar com clareza se a habilidade desejada foi ou não alcançada. A sala de aula invertida é um modelo de aprendizagem que reorganiza o tempo gasto dentro e fora da sala, transferindo o protagonismo da aprendizagem dos educadores para os estudantes. Esses, nesse modelo,   precisam fazer alguma coisa a partir do conhecimento obtido.

Assim, os discentes podem acessar ferramentas e recursos on-line a qualquer momento que precisarem. Após a aula, os estudantes gerenciam o conteúdo necessário para o seu estudo, considerando seu próprio ritmo e estilo de aprendizagem.

 

Perspectivas de crescimento

O modelo híbrido tem potencial de expansão, pois reúne o melhor de dois mundos: a presença de um professor em sala de aula, promovendo interação entre alunos e experiências concretas ativas (o aluno deve fazer algo a partir do projeto elaborado pelo professor) com a possibilidade de aprendizagem autônoma e individualizada a partir de conteúdos de qualidade acessíveis na sala de aula digital.

Nesse caso, a vantagem é que não existe improvisação na apresentação do conteúdo. O material para a educação a distância colocado na sala de aula virtual segue protocolos rígidos de elaboração. Idealmente, é planejado por especialistas a partir das competências previstas em uma unidade curricular (o que o aluno deve ser capaz de fazer?). Depois de planejado, o material didático é elaborado segundo critérios pré-definidos por conteudistas (professores autores) capacitados. Finalmente o material é validado por uma equipe de profissionais, como os membros do colegiado de um curso, por exemplo, o que lhe garante qualidade. Outra vantagem do ensino híbrido é que o aluno pode ver e rever a parte teórica (o conteúdo) quando quiser assimilando o conhecimento em seu tempo antes de aplicá-lo nas atividades práticas em sala de aula presencial. Nesse caso, o professor deve criar projetos com situações e casos estruturados para avaliar se as competências pretendidas para a aula foram realmente alcançadas.

Cabe ressaltar que todos os elementos apresentados na contextualização do ensino híbrido estão fundamentados na aplicação geral. Adaptações para aplicação em nível de Educação Básica serão necessárias caso haja a expansão do modelo para esse tipo de ensino, considerando as peculiaridades dessa etapa de ensino, faixa etária envolvida etc.

 

REFERÊNCIAS

BACICH, L.; TANZI NETO, A.; TREVISANI, F. M. (orgs.). Ensino Híbrido: personalização e tecnologia na educação. Porto Alegre: Penso, 2015.

CHRISTENSEN, C. M.; HORN, M. B; STAKER, H. Ensino Híbrido: uma Inovação Disruptiva? Uma introdução à teoria dos híbridos. Maio 2013. Traduzido para o Português por Fundação Lemann e Instituto Península. Disponível em: https://www.pucpr.br/wp-content/uploads/2017/10/ensino-hibrido_uma-inovacao-disruptiva.pdf  Acesso em: 16 mar. 2021.

HORN, M. B.; STAKER, H. Blended: usando a inovação disruptiva para aprimorar a educação. Porto Alegre: Penso, 2015.

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Redação EaD Unifev
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